quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Idades...

Quando eu era criança, me recordo de querer muito ser gente grande. Claro que eu adorava a minha rotina infantil: brincar, brincar, brincar... Mas ser gente grande parecia ter um glamour tremendo.
Quando entrei na puberdade, tudo em que eu pensava era em fazer 15 anos! Nossa! Ter 15 anos deveria ser simplesmente uma maravilha! No entanto, nunca sonhei com festa de debutante e outras bobagens que cercam essa passagem. O que eu queria mesmo era ser dona do meu próprio nariz! Típica aquariana...
O tempo passou e os 15 anos chegaram e eu percebi que nada havia efetivamente mudado. Eu continuava a ser eu mesma. Com 15, o objetivo passou a ser ter 18 anos. Maioridade, carteira de motorista e todas essas coisas...
Os 18 chegaram e, para minha surpresa, eu continuava sendo eu mesma. Com mais vivência, está certo, mas apenas eu mesma.
Não tive nenhuma angústia para alcançar os 21 anos... Acho que um dos motivos para isso foi o fato de ter saído de casa muito cedo, ainda aos 18 anos.
O grande foco passou a ser os 25 anos! Mais uma vez, o tempo, como sempre, passou e, novamente, percebi que os números não importavam pois eu continuava essencialmente a mesma. É claro que a passagem dos anos acrescenta muita experiência às pessoas, mas creio que a essência permaneça, sendo enriquecida ano após ano. Não ocorre nenhuma fantástica alteração como, inocentemente, imaginamos. Mesmo ciente de tal situação, não posso negar que foi muito prazerosa a espera pelos 30 anos.
Tentei ler Balzac. A famosa Mulher de Trinta Anos. Confesso que não consegui terminar a leitura, mesmo sendo uma leitora voraz. Atribuo ao fato de Balzac, nessa obra, estar ultrapassado. A balzaquiana, hoje, poderia muito bem ser uma mulher de 70 anos.
Embora fazer trinta anos não tenha operado nenhuma modificação milagrosa, confesso que, enfim, me sinto muito mais "na minha própria pele". É uma sensação fantástica! Saber quem sou, o que quero, o que gosto... Não tem preço! Evidentemente, sei que viver é um eterno aprendizado e que o ser humano está em constante evolução. Não poderia ser diferente. Mas sinto que, hoje, tenho mais propriedade sobre mim mesma.
Esse sentimento não me impede de errar, mas me garante extrema confiança e segurança. Poderia chamar de auto-conhecimento também. Não que eu acredite que há uma idade específica para alcançá-lo e considero que sempre me conheci bem, mas é uma sensação diferente que talvez não se explique com palavras. Quem chegar lá, saberá do que falo.
Agora, estou prestes a fazer aniversário novamente. É um período em que, inevitavelmente, se faz um balanço sobre a própria vida.Vários questionamentos e reflexões vêm à tona.
(Um parênteses apenas para dizer que ainda não me adaptei ao novo acordo ortográfico e talvez nunca o faça, pois o considero a oficialização da ignorância...)
O que posso dizer é que me sinto satisfeita com quem eu sou e com as minhas conquistas. Convivo bem com as minhas perdas. Sei lidar com as minhas dores, e isso faz com que o meu sorriso surja facilmente. Em suma, sou uma pessoa satisfeita e feliz. E sempre em busca do meu caminho, da minha verdade e da minha felicidade, afinal essa é a incessável busca da vida de todos nós!
Se envelhecer me assusta? Não sei...Talvez porque ainda aviste a velhice muito ao longe, quase imperceptível, embora saiba que o tempo é impiedoso e passa muito depressa. Entretanto, um dos meus lemas é não sofrer antecipadamente.
Há um outro assunto que me assusta: a morte, mas deixo para tratar desse tema em outra oportunidade. Agora, esclareço apenas que o que me assusta sobre a morte é saber que não mais verei as pessoas e as paisagens que amo, embora acredite que possa interagir com elas de uma outra maneira, já que sou espírita por convicção... Bem, talvez eu precise de algumas sessões de terapia para entender melhor o que sinto sobre isso... Mas nada de sofrer antecipadamente!

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