domingo, 19 de fevereiro de 2012

Hilda, de Duane Bryers

Duane Bryers nasceu numa fazenda em Michigan em 1911. Em 1923, Bryers se mudou com sua família para outra fazenda na Virginia.

Bryers começou a desenhar com cinco anos de idade. Em 1936, pintou um mural para a sua escola com 30 metros de largura e 3 metros de altura que acabou se tornando um tesouro cultural do estado de Minnesota. Esse mural o fez ser descoberto e possibilitou sua mudança para Nova Iorque, onde se tornou um respeitado e bem sucedido artista.

A personagem Hilda, belíssima pin up plus size, foi criada por Bryers para ilustrar calendários da Brown & Bigelow, editora de Minnesota. Pinturas da personagem foram produzidas entre 1957 até o início dos anos 80. Algumas vezes, Bryers se utilizava de modelos plus size, mas, na maioria das vezes, o artista não utilizava nenhuma modelo.

Não encontrei nenhuma informação acerca da morte de Bryers; portanto, suponho que continue vivo. Em sendo assim, estaria com 101 anos, outro fato interessante sobre esse homem imensamente talentoso cuja obra me conquistou e encantou.

Hilda é uma personagem bela, simpática e muito sedutora. Nos faz lembrar que não é preciso ser magérrima para ser sensual. Aliás, Hilda apoia nosso desejo de exterminar a ditadura da magreza que faz com que mulheres terminem neuróticas e, muitas vezes, doentes (a anorexia pode ser fatal), perdendo todo seu brilho e beleza.

Com vocês, Hilda, de Bryers! Ambos possuem minha profunda admiração.

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Todos os direitos autorais reservados à Duane Bryers.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Amor para sempre!

Belíssimo o trabalho da fotógrafa americana Lauren Fleishman. De uma delicadeza comovente, as fotos retratam casais americanos cujo amor sobreviveu ao teste do tempo. Os casais retratados estão juntos há mais de 50 anos.

A fotógrafa descobriu, após a morte de seu avô, várias cartas de amor escritas por ele para sua avó com quem foi casado por mais de 50 anos. E assim nascia o projeto denominado Love Ever After que, como define sua autora, pretende ser uma série fotográfica de cartas de amor.

Descobri o projeto através do twitter de Martha Stewart Weddings e me apaixonei. São momentos como esse que nos mostram que, apesar dos pesares e de todas as dificuldades que a vida possa apresentar, no final, tudo vale a pena.

Então, para esquecer esse burburinho de Carnaval, nada melhor do que apreciar essas belas imagens!

Divulguem e ajudem o projeto a ser publicado em formato de livro.

Fonte do vídeo: http://www.kickstarter.com/projects/laurenfleishman/love-ever-after

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Aventuras cinematográficas

Hoje, vou abandonar um pouco os livros para falar sobre o que tenho assistido ultimamente. Afinal, minha paixão por filmes é equivalente àquela pelos livros.

No mês passado, assisti com o maridão ao inusitado “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick. Para mim, soou como uma bela divagação filosófico-existencialista. Acredito ter compreendido uma ou outra mensagem em alguns momentos do filme, mas confesso que a compreensão do todo me escapou. Talvez porque a película não contenha resposta mesmo, já que cada expectador deve chegar às suas próprias conclusões. Afinal, filosofia e existencialismo podem ser temáticas bastante subjetivas. De qualquer forma, é um filme interessante com uma belíssima fotografia e boa trilha sonora. E, mais importante, um filme que faz pensar, nem que seja para tentar entendê-lo. É cinema arte e, só por isso, já vale. Em suma: na minha opinião, é um filme difícil, porém belo.

Já em férias, quando se intensificam as atividades que amo por motivos óbvios, iniciei uma verdadeira maratona de literatura (já estou lendo o terceiro livro) e cinema. Primeiramente, assisti “Histórias Cruzadas” porque estava curiosa quanto à adaptação cinematográfica de um livro que me encantou, como já contei aqui.

Em seguida, foi a vez do iraniano “A Separação”. Na minha opinião, excelente. É muito interessante perceber uma cultura tão distinta daquela em que vivemos e, ainda assim, compreender que existem questões comuns aos seres humanos independente de sua cultura ou credo. Um filme belíssimo conduzido sutil e delicadamente por Asghar Farhadi. Um filme que espanta e arrebata. E também um filme que nos leva à reflexão (claro que, em se tratando de mim, que reflito sobre qualquer coisa, a afirmação chega a ser redundante…) e não faz juízo de valor, deixando que cada um tire suas conclusões. É também um filme que nos possibilita praticar empatia ao tratar de variadas questões morais. Fiquei pensando que jamais suportaria a vida no Irã (aliás, apenas reforçou uma certeza, pois já pensei a esse respeito algumas vezes), apesar de não ser essa a temática central do filme.

Eis que chegou a vez de um dos meus cineastas favoritos: Almodóvar. “A Pele que Habito” é um típico Almodóvar e, portanto, genial. Em se tratando do mestre, nem me atrevo a tecer maiores comentários, pois quaisquer comentários desmereceriam a trama complexa e a grandiosidade da obra. Ou seja, o filme é maravilhoso, surpreendente, genial e você não deve perder mais nenhum segundo para assisti-lo. Corra! É imperdível!

E eu estava muito curiosa para assistir “O Artista”, do francês Michel Hazanavicius, por ser cinema mudo e em preto e branco. Porém, confesso que não estava com muitas expectativas; afinal, sou uma menina nascida após o advento do cinema falado. E não é que a película me arrebatou? O filme é encantador! Não desgrudei os olhos da tela nem por um segundo. Envolvente, a trama é muito bem conduzida por uma excelente trilha sonora de autoria de Ludovic Bourcesobre e magníficas interpretações de Jean Dujardin e Bérénice Bejo. Sem contar que é sempre bom ver James Cromwell em cena. O filme é mágico! Eu não assisti a todos os concorrentes ao Oscar e nem sou especialista em cinema, mas, para mim, o prêmio de melhor filme já é dele. Consagrar uma obra desse porte perante um público acostumado à uma dinâmica cinematográfica totalmente diferente àquela que o filme propõe já é um grande feito. And the Oscar goes to “The Artist”!

E, hoje à tarde, assisti a “Precisamos falar sobre o Kevin”, adaptação da obra de Lionel Shriver. Primeiramente, devo dizer que estive com esse livro em mãos, mas optei por não comprá-lo por tê-lo considerado muito forte. Sim, a temática é, no mínimo, incômoda. Preciso dizer, ainda, que repousa em minha cabeceira outro título da escritora: “O Mundo Pós-aniversário”, por cuja leitura espero ansiosamente. Voltando ao filme, é preciso ressaltar que a junção de talentos só pode mesmo resultar em um excelente filme. A diretora irlandesa Lynne Ramsay prova todo seu talento e competência ao adaptar para o cinema um livro que a própria escritora considerava praticamente inadaptável. A escolha dos atores também foi minuciosa. Tilda Swinton está magnífica no papel da mãe que tenta, atordoada, compreender. John C. Reilly está perfeito como o pai um pouco tonto e cego como aquele que prefere não enxergar. E a atuação de Ezra Miller, o Kevin, é de arrepiar, chega a dar medo. O filme foi muito bem construído. Fotografia e trilha sonora merecem elogios. Para mim, o filme foi arrebatador, me levou ao desgaste emocional (mas aquele desgaste bom, se é que me entendem). E, sobretudo, é um filme que nos leva a refletir. Será que, de alguma forma, se alguma coisa fosse feita ou dita, o enredo poderia ter sido diferente? Ou será que nada seria capaz de mudar o destino trágico e terrível? Será que, mesmo que uma mãe dê todo o amor do mundo para um filho, ainda assim, corre o risco de criar um psicopata? É possível culpar o distanciamento da relação mãe e filho? O mal nasceu com Kevin e existiria de qualquer forma? Questionamentos, questionamentos, questionamentos e muitas lágrimas. Bem como eu adoro! E eu não sou masoquista, mas acredito que chorar lava a alma.

Bem, por enquanto, são essas as minhas últimas aventuras cinematográficas. Não sou nenhuma crítica de cinema, mas gosto de compartilhar o que considero bom. É quase um dever cívico incentivar a arte e a cultura, ora! Então, escolha o seu filme e corra para o cinema, ou para a locadora.

E lembre-se: não corra para o computador, pois vivemos tempos difíceis… Smiley piscando

 

P.S.: Embora não tenha referido aqui, também recomendo “Meia Noite em Paris”, filme a que assisti há alguns meses. Maravilhoso! Allen é o meu segundo cineasta predileto (o primeiro vocês já sabem que é Almodóvar).

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Inércia criativa

 

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Já faz algum tempo que não consigo escrever… Sinto saudades do tempo em que a produção para os marcadores Tagarelices Poéticas e Tagarelices Literárias era intensa. Já refleti muito sobre os motivos que poderiam estar bloqueando meu processo criativo de escrita. Levantei várias teorias mas não cheguei a nenhuma conclusão.

Uma das minhas teorias é a de que, para mim, é mais fácil escrever sobre dor, sofrimento, desilusão, expectativas ou sonhos ainda não realizados. E, estando em estado de felicidade e harmonia, fica mais difícil, a não ser que o escritor incorpore um personagem amargurado. Porém, incorporar personagens não deveria ser tarefa difícil.

Outra das minhas teorias é a de que a correria cotidiana da vida e os mil afazeres que possuo, bem como uma jornada dupla de trabalho, acabam mesmo bloqueando qualquer possibilidade de relaxar a mente para deixar fluir a escrita poética.

Por fim, outra das minhas teorias é a de que o processo criativo de escrita é assim mesmo: com fases frutíferas e fases de “seca”, pelo menos para mim. E tenho que aprender a lidar com a frustração pessoal dessas fases infrutíferas.

Talvez eu devesse instituir alguma disciplina. Tentar escrever por determinado tempo diariamente, independente do que resultasse. Afinal, já dizia o grande Mário Quintana:

“Eu acho que todos deveriam fazer versos. Ainda que saiam maus, não tem importância. É preferível, para a alma humana, fazer maus versos a não fazer nenhum. O exercício da arte poética representaria, no caso, como que um esforço de auto-superação. É fato consabido que esse refinamento do estilo acaba trazendo necessariamente o refinamento da alma.
Sim, todos devem fazer versos. Contanto que não venham mostrar-me."

Talvez eu devesse me cercar de mais estímulo, mas não vejo como, pois acredito que já tenho estímulo o suficiente em minha vida. Afinal, sou leitora voraz e amante das artes em geral (cinema, música, pintura).

Não tenho pretensões de ser uma grande escritora, mas o fato é que me sinto bem e gratificada quando escrevo e sinto falta da minha vertente poética, pois dela também obtenho prazer. E é por isso que sinto tanta falta desses momentos de total entrega a mim mesma, de desvelar minha alma e me desnudar.

Bem, só me resta aguardar pelo retorno da minha criatividade poética (pois a minha criatividade em outras áreas continua bem viva), se é que acontecerá. E, talvez, tentar trabalhar nisso não faça mal, pois trabalhamos para alcançar todas as nossas metas nessa vida, não é mesmo?

 

P.S.: Você já visitou os marcadores Tagarelices Poéticas e Tagarelices Literárias do blog? Passa lá!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Na cabeceira: Marina

Hoje, terminei de ler “Marina”, do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. O interesse pelo autor me foi despertado quando li “O tempo entre costuras”, maravilhoso livro de Maria Dueñas (e um dos meus prediletos, saiba mais aqui). Dueñas era referenciada como Zafón de saias e, então, como me apaixonei pelo estilo dela, imaginei que gostaria de Zafón, autor que nunca havia lido.

Zafón é autor de dois livros badalados: “A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo”, mas eu não queria iniciar com nada badalado. Assim, numa visita à livraria (um dos meus programas favoritos), escolhi “Marina”, atraída pela frase contida na capa e por um trecho na contracapa, mas nada sabia acerca do livro.

Ao terminar a leitura, conclui que não consegui formar opinião sobre o livro. Talvez porque eu tenha criado muita expectativa. Talvez porque eu não soubesse que se tratava de uma obra direcionada ao público infanto-juvenil, mas que, de acordo com o autor, também se aplica ao público adulto.

Não posso negar, no entanto, que o estilo de Zafón é interessante e atrativo. Há questões interessantes no livro. Há sutileza no tratamento das relações humanas. Porém, creio que o que me decepcionou, por assim dizer, foi uma determinada parte fantástica da história, uma fantasia à beira da irrealidade. Entretanto, sabendo que o público alvo da obra poderia muito bem ser envolvido pela fantasia construída, eu deveria relevar. E também não dá para negar uma certa metáfora nessa alegoria… Enfim, como disse antes, meus sentimentos em relação ao livro são muito controversos. Realmente não consegui formar uma opinião. Em alguns momentos, fui tocada, mas em outros achei tudo muito surreal, apesar de não poder negar ter ficado envolvida de certa forma pelo suspense. A solução, creio, será dar nova chance a Zafón. Basta escolher a próxima obra. Alguma sugestão?

 

PS: Agora, devo iniciar a leitura de “A Elegância do Ouriço”, de Muriel Barbery. Mal posso esperar!!! Quer saber mais? Leia aqui. Depois eu conto as minhas impressões.

Na cabeceira: A Resposta

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Engraçado como tudo tem que ser a seu tempo nessa vida. Ganhei “A Resposta”, da escritora americana Kathryn Stockett, no Natal de 2010 de presente do maridão, mas, por algum motivo, ainda não o havia lido, apesar de eu mesma tê-lo pedido de presente por ter me interessado pelo tema. Acho que eu não estava preparada para essa história. Aliás, essa é uma grande verdade: às vezes, não estamos preparados para algum livro e a leitura simplesmente não flui. No caso de “A Resposta”, eu sequer havia tentado.

O livro estava no meu criado mudo desde o Natal de 2010, junto com outros tantos, os que estavam sendo lidos e os que estavam na fila de espera para leitura. Eis que, no mês passado, devido a problemas de saúde, uma licença médica me fez ficar uns dias em casa. Foi então que olhei para “A Resposta” e me senti pronta. Comecei a leitura e fui devorando página por página sem conseguir largar. E assim quase 600 páginas foram lidas em dois ou três dias.

“A Resposta” me emocionou, me fez rir, me fez chorar, me fez refletir, me indignou. Como o ser humano pode ser tão mesquinho, tão pobre, tão baixo? Como pode haver tanto preconceito no mundo? Sim, verbo no presente. A história se passa nos Estados Unidos, na década de 60, no Mississippi, mas, infelizmente, ainda hoje há resquícios daquele mesmo velho e nojento preconceito em nosso mundo, resquícios da tenebrosa segregação racial. Em escala bem menor, é verdade, mas há. Afinal, ainda hoje a cor da pele define o tamanho do salário. Ainda hoje vemos poucos negros nas faculdades, nas empresas e assim por diante.

Kathryn Stockett conseguiu escrever sobre um tema tão delicado de forma leve, sincera e humana; conseguiu mostrar, sem pieguice, que o amor triunfa sobre a dor, humilhações, injustiças, sobre o mal. Conseguiu mostrar as contradições e futilidades de uma época em que os negros não podiam utilizar o mesmo banheiro que os brancos e em que uma mulher nada valia se não tivesse um marido.

Skeeter, a jovem branca que desafiou todas as regras para defender aquilo em que acreditava, Aibellen e Minny, duas empregadas negras com histórias fantásticas para contar, são as três personagens principais do livro e são adoráveis. Porém, outra personagem, não menos importante e adorável, me cativou muito: Celia, pela ingenuidade, inocência e bondade.

O livro traz também referências históricas, como o assassinato do ativista negro Medgar Evers em 1963. O Mississippi, um dos estados americanos mais conservadores, possuía forte segregação racial. Negros não podiam frequentar os mesmos lugares que os brancos, tudo era separado: banheiros, escolas, bibliotecas e até os assentos nos ônibus. Negros eram espancados e assassinatos se ousassem se opor às regras sociais estabelecidas. A década de 60 foi também a época em que se fortaleceu a luta pela igualdade dos direitos civis com Martin Luther King e James Meredith se tornava o primeiro negro a ser admitido em uma faculdade. Nesse ambiente de tensão social, Stockett narra com delicadeza o que significava ser uma empregada negra no Mississippi, todas as dificuldades, todas as contradições. Mulheres que eram constantemente humilhadas, menosprezadas e que, ao mesmo tempo, criavam os filhos de suas patroas brancas com muito amor, mesmo sabendo que seria questão de tempo para que o preconceito também os dominasse.

Há pouco, soube que o livro havia sido adaptado para o cinema pelo diretor Tate Taylor, concorrendo inclusive ao Oscar (melhor filme, melhor atriz e melhor atriz coadjuvante). Todos somos sabedores de que dificilmente um filme faz jus ao livro que lhe deu origem. Além disso, li uma crítica não muito favorável à adaptação cinematográfica, mas, ainda assim, estava bastante curiosa para assistir ao filme, o que acabei de fazer. Concordo que o livro é muito superior ao filme. Notei pequenas alterações, mas nada que comprometa o todo. Em suma, gostei do filme, há boas interpretações e a reconstrução do cenário e da época me pareceu fidedigna, mas o livro é muito melhor.

Recomendo a leitura do livro, mas, caso você não seja afoito à literatura, pelo menos assista ao filme. Vale a pena.

Que tal dar uma olhada no trailer oficial do filme que no Brasil recebeu o título de “Histórias Cruzadas”?

Fonte do vídeo: Youtube