Hoje, vou abandonar um pouco os livros para falar sobre o que tenho assistido ultimamente. Afinal, minha paixão por filmes é equivalente àquela pelos livros.
No mês passado, assisti com o maridão ao inusitado “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick. Para mim, soou como uma bela divagação filosófico-existencialista. Acredito ter compreendido uma ou outra mensagem em alguns momentos do filme, mas confesso que a compreensão do todo me escapou. Talvez porque a película não contenha resposta mesmo, já que cada expectador deve chegar às suas próprias conclusões. Afinal, filosofia e existencialismo podem ser temáticas bastante subjetivas. De qualquer forma, é um filme interessante com uma belíssima fotografia e boa trilha sonora. E, mais importante, um filme que faz pensar, nem que seja para tentar entendê-lo. É cinema arte e, só por isso, já vale. Em suma: na minha opinião, é um filme difícil, porém belo.
Já em férias, quando se intensificam as atividades que amo por motivos óbvios, iniciei uma verdadeira maratona de literatura (já estou lendo o terceiro livro) e cinema. Primeiramente, assisti “Histórias Cruzadas” porque estava curiosa quanto à adaptação cinematográfica de um livro que me encantou, como já contei aqui.
Em seguida, foi a vez do iraniano “A Separação”. Na minha opinião, excelente. É muito interessante perceber uma cultura tão distinta daquela em que vivemos e, ainda assim, compreender que existem questões comuns aos seres humanos independente de sua cultura ou credo. Um filme belíssimo conduzido sutil e delicadamente por Asghar Farhadi. Um filme que espanta e arrebata. E também um filme que nos leva à reflexão (claro que, em se tratando de mim, que reflito sobre qualquer coisa, a afirmação chega a ser redundante…) e não faz juízo de valor, deixando que cada um tire suas conclusões. É também um filme que nos possibilita praticar empatia ao tratar de variadas questões morais. Fiquei pensando que jamais suportaria a vida no Irã (aliás, apenas reforçou uma certeza, pois já pensei a esse respeito algumas vezes), apesar de não ser essa a temática central do filme.
Eis que chegou a vez de um dos meus cineastas favoritos: Almodóvar. “A Pele que Habito” é um típico Almodóvar e, portanto, genial. Em se tratando do mestre, nem me atrevo a tecer maiores comentários, pois quaisquer comentários desmereceriam a trama complexa e a grandiosidade da obra. Ou seja, o filme é maravilhoso, surpreendente, genial e você não deve perder mais nenhum segundo para assisti-lo. Corra! É imperdível!
E eu estava muito curiosa para assistir “O Artista”, do francês Michel Hazanavicius, por ser cinema mudo e em preto e branco. Porém, confesso que não estava com muitas expectativas; afinal, sou uma menina nascida após o advento do cinema falado. E não é que a película me arrebatou? O filme é encantador! Não desgrudei os olhos da tela nem por um segundo. Envolvente, a trama é muito bem conduzida por uma excelente trilha sonora de autoria de Ludovic Bourcesobre e magníficas interpretações de Jean Dujardin e Bérénice Bejo. Sem contar que é sempre bom ver James Cromwell em cena. O filme é mágico! Eu não assisti a todos os concorrentes ao Oscar e nem sou especialista em cinema, mas, para mim, o prêmio de melhor filme já é dele. Consagrar uma obra desse porte perante um público acostumado à uma dinâmica cinematográfica totalmente diferente àquela que o filme propõe já é um grande feito. And the Oscar goes to “The Artist”!
E, hoje à tarde, assisti a “Precisamos falar sobre o Kevin”, adaptação da obra de Lionel Shriver. Primeiramente, devo dizer que estive com esse livro em mãos, mas optei por não comprá-lo por tê-lo considerado muito forte. Sim, a temática é, no mínimo, incômoda. Preciso dizer, ainda, que repousa em minha cabeceira outro título da escritora: “O Mundo Pós-aniversário”, por cuja leitura espero ansiosamente. Voltando ao filme, é preciso ressaltar que a junção de talentos só pode mesmo resultar em um excelente filme. A diretora irlandesa Lynne Ramsay prova todo seu talento e competência ao adaptar para o cinema um livro que a própria escritora considerava praticamente inadaptável. A escolha dos atores também foi minuciosa. Tilda Swinton está magnífica no papel da mãe que tenta, atordoada, compreender. John C. Reilly está perfeito como o pai um pouco tonto e cego como aquele que prefere não enxergar. E a atuação de Ezra Miller, o Kevin, é de arrepiar, chega a dar medo. O filme foi muito bem construído. Fotografia e trilha sonora merecem elogios. Para mim, o filme foi arrebatador, me levou ao desgaste emocional (mas aquele desgaste bom, se é que me entendem). E, sobretudo, é um filme que nos leva a refletir. Será que, de alguma forma, se alguma coisa fosse feita ou dita, o enredo poderia ter sido diferente? Ou será que nada seria capaz de mudar o destino trágico e terrível? Será que, mesmo que uma mãe dê todo o amor do mundo para um filho, ainda assim, corre o risco de criar um psicopata? É possível culpar o distanciamento da relação mãe e filho? O mal nasceu com Kevin e existiria de qualquer forma? Questionamentos, questionamentos, questionamentos e muitas lágrimas. Bem como eu adoro! E eu não sou masoquista, mas acredito que chorar lava a alma.
Bem, por enquanto, são essas as minhas últimas aventuras cinematográficas. Não sou nenhuma crítica de cinema, mas gosto de compartilhar o que considero bom. É quase um dever cívico incentivar a arte e a cultura, ora! Então, escolha o seu filme e corra para o cinema, ou para a locadora.
E lembre-se: não corra para o computador, pois vivemos tempos difíceis…
P.S.: Embora não tenha referido aqui, também recomendo “Meia Noite em Paris”, filme a que assisti há alguns meses. Maravilhoso! Allen é o meu segundo cineasta predileto (o primeiro vocês já sabem que é Almodóvar).
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