O amor, quando verdadeiro, é incondicional. Amamos, mesmo quando não parece que estamos amando. E, talvez, seja nesse momento que amamos mais.
Além de satisfazer o desejo de escrever que me consome (de forma egoísta, não nego), e, é claro, de demonstrar o quanto sou moderna (afinal, é um blog!), o objetivo aqui é tratar dos mais diversos temas e assuntos, sem nenhum critério rígido estabelecido, dando vazão apenas à emoção e à razão (será que, em algum momento, essas duas andam juntas?), e compartilhar tudo isso com as pessoas amigas e queridas e com quem mais quiser ler e acompanhar o que for escrito.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Pensamento do dia
O amor, quando verdadeiro, é incondicional. Amamos, mesmo quando não parece que estamos amando. E, talvez, seja nesse momento que amamos mais.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Clarice, sempre Clarice!
Quem me conhece, sabe que sou fã declarada de Clarice Lispector. Devoro os textos dela. Acho-os de uma delicadeza e profundidade sem igual. Além disso, admiro-a além da escritora. Admiro a Clarice mulher. Ela nasceu na Ucrânia, em 1920, e com apenas um ano de idade veio morar com a família no Brasil. Seu nome de batismo era Haia, que significa vida. Acho que não lhe caberia nome mais apropriado.
Clarice se formou em Direito, porém jamais exerceu a profissão. Trabalhou como jornalista. Casou-se com um colega de faculdade que havia ingressado na carreira diplomática. Viveu em diversas cidades do mundo. Foi mãe de dois filhos. Separou-se. Sobreviveu a um incêndio que quase lhe custou a mão direita. Publicou livros, recebeu prêmios, realizou entrevistas. Sem nunca deixar de escrever. Afinal, "enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever", dizia.
Clarice nos deixou muito cedo. Faleceu em 09 de dezembro de 1977, às vesperas de completar 57 anos, vítima de câncer. Clarice, um coração batendo no mundo, continua viva em muitos corações ao redor do mundo e suas palavras continuam sendo seu domínio sobre ele.
Saudade, como diria Clarice, é um dos sentimentos mais urgentes que existem. Embora eu não tenha habitado esse mundo concomitantemente com Clarice, para amenizar as saudades que ela nos deixou, recomendo a leitura do livro "Clarice na Cabeceira", lançado em 2009, com organização de Teresa Montero. O livro, conforme definição da própria Editora Rocco, é uma seleção afetiva de contos da escritora, apresentados por 22 personalidades do cenário cultural e fãs incondicionais de Clarice. Para quem nunca leu Clarice, pode funcionar também como um bom primeiro contato com sua obra.
Como estou falando de Clarice, não posso deixar de registrar que assisti a um monólogo ("Simplesmente Eu - Clarice Lispector") sobre sua vida, interpretado por Beth Goulart, no ano passado. Belíssimo trabalho! Beth está uma Clarice impecável. Sua interpretação me levou às lágrimas. Beth também participa de "Clarice na Cabeceira".
Ando em busca do documentário "De corpo inteiro - Entrevistas", produzido pela sobrinha-neta de Clarice, Nicole Algranti. O filme é uma adaptação do livro "Entrevistas", recriando as conversas que Clarice teve com diversas celebridades e revelando costumes da época e da personalidade da própria escritora.
De presente de aniversário, me dei a biografia "Clarice,", escrita pelo americano Benjamin Moser, que também participa de "Clarice na Cabeceira". E tão logo termine a leitura que estou realizando no momento ("Doidas e Santas", da também excelente Martha Medeiros), me dedicarei a descobrir ainda mais sobre essa mulher, cuja escrita me encanta, me emociona, me faz rir, me faz chorar e certamente me toca.
"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca." - Clarice, sempre Clarice!
Clarice se formou em Direito, porém jamais exerceu a profissão. Trabalhou como jornalista. Casou-se com um colega de faculdade que havia ingressado na carreira diplomática. Viveu em diversas cidades do mundo. Foi mãe de dois filhos. Separou-se. Sobreviveu a um incêndio que quase lhe custou a mão direita. Publicou livros, recebeu prêmios, realizou entrevistas. Sem nunca deixar de escrever. Afinal, "enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever", dizia.
Clarice nos deixou muito cedo. Faleceu em 09 de dezembro de 1977, às vesperas de completar 57 anos, vítima de câncer. Clarice, um coração batendo no mundo, continua viva em muitos corações ao redor do mundo e suas palavras continuam sendo seu domínio sobre ele.
Saudade, como diria Clarice, é um dos sentimentos mais urgentes que existem. Embora eu não tenha habitado esse mundo concomitantemente com Clarice, para amenizar as saudades que ela nos deixou, recomendo a leitura do livro "Clarice na Cabeceira", lançado em 2009, com organização de Teresa Montero. O livro, conforme definição da própria Editora Rocco, é uma seleção afetiva de contos da escritora, apresentados por 22 personalidades do cenário cultural e fãs incondicionais de Clarice. Para quem nunca leu Clarice, pode funcionar também como um bom primeiro contato com sua obra.
Como estou falando de Clarice, não posso deixar de registrar que assisti a um monólogo ("Simplesmente Eu - Clarice Lispector") sobre sua vida, interpretado por Beth Goulart, no ano passado. Belíssimo trabalho! Beth está uma Clarice impecável. Sua interpretação me levou às lágrimas. Beth também participa de "Clarice na Cabeceira".
Ando em busca do documentário "De corpo inteiro - Entrevistas", produzido pela sobrinha-neta de Clarice, Nicole Algranti. O filme é uma adaptação do livro "Entrevistas", recriando as conversas que Clarice teve com diversas celebridades e revelando costumes da época e da personalidade da própria escritora.
De presente de aniversário, me dei a biografia "Clarice,", escrita pelo americano Benjamin Moser, que também participa de "Clarice na Cabeceira". E tão logo termine a leitura que estou realizando no momento ("Doidas e Santas", da também excelente Martha Medeiros), me dedicarei a descobrir ainda mais sobre essa mulher, cuja escrita me encanta, me emociona, me faz rir, me faz chorar e certamente me toca.
"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca." - Clarice, sempre Clarice!
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Final de férias...
Eis que chegam ao fim as tão merecidas férias. Há tempos eu não tinha oportunidade de efetivamente descansar nas férias de verão, pois me envolvi, por dois anos consecutivos, com mudanças de endereço. Um tal de encaixotar e desencaixotar coisas que parecia sem fim. Há tempos eu também não ficava toda a temporada na casa da minha família na praia em que pisei os pés pela primeira vez aos seis anos de idade. Ou seja, são 26 anos que a família veraneia na mesma praia. Claro que a praia está muito diferente de antigamente. O auge já se foi há muito tempo, praticamente não se reconhece rosto algum. No entanto, é quase um paraíso perdido! Não por belezas naturais, pois infelizmente o litoral norte do Rio Grande do Sul não é muito afortunado nesse quesito, mas pela tranquilidade de cidade interioriana. Que delícia caminhar descompromissadamente pelo calçadão olhando o mar, ou caminhar na areia da praia molhando os pés no mar! Tomar sorvete, esquecer da existência dos relógios e das agendas. Dormir, acordar e fazer as refeições sem seguir horários. Poderia listar tantas coisas...
Enfim, foram excelentes férias em excelente companhia! Li bastante, assiti a muitos bons filmes, ri bastante, joguei cartas (por que será que só se joga cartas na praia?), comi pipoca, crepe e sorvete!
Saldo positivo, exceto por dois dentes sisos que tive que extrair hoje pela manhã... Bom, pode ser que enfim eu crie juízo!
:-)
Enfim, foram excelentes férias em excelente companhia! Li bastante, assiti a muitos bons filmes, ri bastante, joguei cartas (por que será que só se joga cartas na praia?), comi pipoca, crepe e sorvete!
Saldo positivo, exceto por dois dentes sisos que tive que extrair hoje pela manhã... Bom, pode ser que enfim eu crie juízo!
:-)
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Birthday
Primeiramente, preciso dizer que adoro a língua portuguesa (apesar da abominável reforma ortográfica), pois a considero de uma beleza ímpar. No entanto, escolhi "birthday" porque julgo ser mais forte e repleta de significado, ao contrário do vocábulo pátrio "aniversário". Birthday é o dia do nascimento, o dia em que viemos ao mundo e conhecemos pela primeira vez, com nossos próprios olhos, as suas cores. O dia em que passamos a ter novas impressões e percepções do universo que nos cerca, pois, até então, estávamos seguros, aquecidos e protegidos no útero materno. Portanto, ano após ano, este é o dia em que celebramos esse encontro com o mundo, esse nascimento. E, a cada ano, celebramos também o nosso amadurecimento durante a bela jornada da vida.
Hoje, comemoro 32 anos de vida. 32 anos bem vividos. 32 anos que contiveram sorrisos e lágrimas, alegrias e tristezas, conquistas e derrotas, amizades e desafetos, música e silêncio, luz e escuridão, meditação e diversão. Posso tranqüilamente olhar para trás e afirmar que me considero satisfeita com a minha trajetória até aqui. Orgulhosa até.
32 anos. Como lembrou meu irmão, já vivi mais de três décadas. Quanto aprendizado é possível acumular nesse tempo e quanto mais ainda está por vir. Se eu chegar até, digamos, os 90 anos (e espero que me seja permitido, com lucidez e saúde, quem sabe até mais que isso), significa que já vivi praticamente um terço da minha vida. Atingi muitas metas às quais me propus e tenho outras tantas para alcançar. Realizei muitos sonhos e projetos e outros tantos me aguardam.
32 anos. Tantos motivos para festejar. Tantas pessoas fantásticas que fizeram e fazem parte da minha história. Que continuarão fazendo. Outras tantas a conhecer.
32 anos. Posso declarar que sou feliz e agradeço por tudo o que sou, tudo o que experimento, tudo o que vivo, tudo que me pertence e a que eu pertenço. E sempre vou afirmar, dia após dia, que viver é uma experiência grandiosa e espetacular. E que vale muito a pena!
So... Happy birthday to me!
:-)
Hoje, comemoro 32 anos de vida. 32 anos bem vividos. 32 anos que contiveram sorrisos e lágrimas, alegrias e tristezas, conquistas e derrotas, amizades e desafetos, música e silêncio, luz e escuridão, meditação e diversão. Posso tranqüilamente olhar para trás e afirmar que me considero satisfeita com a minha trajetória até aqui. Orgulhosa até.
32 anos. Como lembrou meu irmão, já vivi mais de três décadas. Quanto aprendizado é possível acumular nesse tempo e quanto mais ainda está por vir. Se eu chegar até, digamos, os 90 anos (e espero que me seja permitido, com lucidez e saúde, quem sabe até mais que isso), significa que já vivi praticamente um terço da minha vida. Atingi muitas metas às quais me propus e tenho outras tantas para alcançar. Realizei muitos sonhos e projetos e outros tantos me aguardam.
32 anos. Tantos motivos para festejar. Tantas pessoas fantásticas que fizeram e fazem parte da minha história. Que continuarão fazendo. Outras tantas a conhecer.
32 anos. Posso declarar que sou feliz e agradeço por tudo o que sou, tudo o que experimento, tudo o que vivo, tudo que me pertence e a que eu pertenço. E sempre vou afirmar, dia após dia, que viver é uma experiência grandiosa e espetacular. E que vale muito a pena!
So... Happy birthday to me!
:-)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Dúvida
Aline acordou com uma sensação estranha. Se alguém lhe perguntasse, não saberia dizer o que sentia. Não era enjôo, ou talvez fosse. Um nó na garganta, um aperto no peito... Talvez sim, talvez não. O dia lá fora estava melancólico. Talvez fosse isso. Ela sabia que não tinha motivos para reclamar. Sua vida provavelmente era desejada por muitas mulheres. Tudo parecia estar na mais perfeita ordem e harmonia. Mas estaria mesmo? Quem determina o que é ordem e harmonia?
Aline fez força para levantar-se. Já era tarde, mas, felizmente, era domingo e ela não tinha nenhum compromisso. Calçou os chinelos e caminhou vagarosamente até o banheiro. Lavou o rosto e sentiu a água fria que parecia querer despertá-la, reanimá-la. Olhou no espelho e viu sua face. Já não sabia mais se poderia se reconhecer. Era ela mesma? Ou era apenas o que deveria ser? Parecia pálida, lábios com pouca cor, fios levemente loiros caindo sorrateiramente sobre seus olhos azuis e perdidos que vagavam junto com seu pensamento, talvez buscando algum refúgio. Tentou sorrir, não conseguiu.
Aline voltou ao quarto para vestir-se. Escolheu um vestido floral, na tentativa de disfarçar o que lhe corrompia a alma. Escovou os cabelos e os prendeu com um laço. Pingou algumas gotas de lavanda nos pulsos e no pescoço. E novamente tentou sorrir. Dessa vez, timidamente os lábios se movimentaram. Ela, então, fechou os olhos e respirou profundamente, inspirando o ar com todas as suas forças, e tentando expirar tudo o que doesse ou ferisse.
Com passos imprecisos, avançou pelo corredor que nunca lhe parecera tão comprido como naquela manhã. Enquanto passava pelas imponentes portas que habitavam o frio corredor, quis estar sozinha. Desejou que não houvesse ninguém em casa. Desejou apenas o silêncio. Há dias que são assim, há dias em que nada precisa ser dito.
Alcançou o pequeno vestíbulo que precedia a escada. Desceu calmamente os degraus. Não havia sequer um aroma vindo da cozinha que lhe invadisse os sentidos. Tudo estava escuro. Passou a temer que realmente estivesse sozinha. Mas, afinal, não era o que acabara de desejar?
Aline entrou na sala e passou os olhos pelos vasos de flores. Rosas vermelhas que pareciam úmidas, como recém colhidas. Na lareira, o fogo ainda parecia arder em pequenas brasas. Aproximou-se da janela e avistou o jardim. A chuva caía mansa, fraca, quase sem força. Onde estariam todos afinal?
Não havia música, somente o barulho da água molhando a grama por onde muitas vezes havia corrido e sonhado. Desejou voltar no tempo, desejou não saber ou não entender. Lembrou das longínquas tardes em que brincava entre os rosais. Sentiu o aroma de jasmim das árvores próximas ao portão. Sentiu o gosto do refresco de limão que amenizava o calor daquelas tardes inocentes de verão.
Aline deixou-se cair sobre a poltrona. Não adiantava o vestido, não adiantava a lavanda. Nem as lembranças que percorreram sua mente foram capazes de fazê-la sorrir. E, então, ela compreendeu. Não era que não mais amasse e sim que sua maneira de amar havia se modificado.
Capão Novo, 08 de fevereiro de 2010.
Daniela Annes Spera
Aline fez força para levantar-se. Já era tarde, mas, felizmente, era domingo e ela não tinha nenhum compromisso. Calçou os chinelos e caminhou vagarosamente até o banheiro. Lavou o rosto e sentiu a água fria que parecia querer despertá-la, reanimá-la. Olhou no espelho e viu sua face. Já não sabia mais se poderia se reconhecer. Era ela mesma? Ou era apenas o que deveria ser? Parecia pálida, lábios com pouca cor, fios levemente loiros caindo sorrateiramente sobre seus olhos azuis e perdidos que vagavam junto com seu pensamento, talvez buscando algum refúgio. Tentou sorrir, não conseguiu.
Aline voltou ao quarto para vestir-se. Escolheu um vestido floral, na tentativa de disfarçar o que lhe corrompia a alma. Escovou os cabelos e os prendeu com um laço. Pingou algumas gotas de lavanda nos pulsos e no pescoço. E novamente tentou sorrir. Dessa vez, timidamente os lábios se movimentaram. Ela, então, fechou os olhos e respirou profundamente, inspirando o ar com todas as suas forças, e tentando expirar tudo o que doesse ou ferisse.
Com passos imprecisos, avançou pelo corredor que nunca lhe parecera tão comprido como naquela manhã. Enquanto passava pelas imponentes portas que habitavam o frio corredor, quis estar sozinha. Desejou que não houvesse ninguém em casa. Desejou apenas o silêncio. Há dias que são assim, há dias em que nada precisa ser dito.
Alcançou o pequeno vestíbulo que precedia a escada. Desceu calmamente os degraus. Não havia sequer um aroma vindo da cozinha que lhe invadisse os sentidos. Tudo estava escuro. Passou a temer que realmente estivesse sozinha. Mas, afinal, não era o que acabara de desejar?
Aline entrou na sala e passou os olhos pelos vasos de flores. Rosas vermelhas que pareciam úmidas, como recém colhidas. Na lareira, o fogo ainda parecia arder em pequenas brasas. Aproximou-se da janela e avistou o jardim. A chuva caía mansa, fraca, quase sem força. Onde estariam todos afinal?
Não havia música, somente o barulho da água molhando a grama por onde muitas vezes havia corrido e sonhado. Desejou voltar no tempo, desejou não saber ou não entender. Lembrou das longínquas tardes em que brincava entre os rosais. Sentiu o aroma de jasmim das árvores próximas ao portão. Sentiu o gosto do refresco de limão que amenizava o calor daquelas tardes inocentes de verão.
Aline deixou-se cair sobre a poltrona. Não adiantava o vestido, não adiantava a lavanda. Nem as lembranças que percorreram sua mente foram capazes de fazê-la sorrir. E, então, ela compreendeu. Não era que não mais amasse e sim que sua maneira de amar havia se modificado.
Capão Novo, 08 de fevereiro de 2010.
Daniela Annes Spera
Assinar:
Postagens (Atom)