sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Clarice, sempre Clarice!


Quem me conhece, sabe que sou fã declarada de Clarice Lispector. Devoro os textos dela. Acho-os de uma delicadeza e profundidade sem igual. Além disso, admiro-a além da escritora. Admiro a Clarice mulher. Ela nasceu na Ucrânia, em 1920, e com apenas um ano de idade veio morar com a família no Brasil. Seu nome de batismo era Haia, que significa vida. Acho que não lhe caberia nome mais apropriado.
Clarice se formou em Direito, porém jamais exerceu a profissão. Trabalhou como jornalista. Casou-se com um colega de faculdade que havia ingressado na carreira diplomática. Viveu em diversas cidades do mundo. Foi mãe de dois filhos. Separou-se. Sobreviveu a um incêndio que quase lhe custou a mão direita. Publicou livros, recebeu prêmios, realizou entrevistas. Sem nunca deixar de escrever. Afinal, "enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever", dizia.
Clarice nos deixou muito cedo. Faleceu em 09 de dezembro de 1977, às vesperas de completar 57 anos, vítima de câncer. Clarice, um coração batendo no mundo, continua viva em muitos corações ao redor do mundo e suas palavras continuam sendo seu domínio sobre ele.
Saudade, como diria Clarice, é um dos sentimentos mais urgentes que existem. Embora eu não tenha habitado esse mundo concomitantemente com Clarice, para amenizar as saudades que ela nos deixou, recomendo a leitura do livro "Clarice na Cabeceira", lançado em 2009, com organização de Teresa Montero. O livro, conforme definição da própria Editora Rocco, é uma seleção afetiva de contos da escritora, apresentados por 22 personalidades do cenário cultural e fãs incondicionais de Clarice. Para quem nunca leu Clarice, pode funcionar também como um bom primeiro contato com sua obra.
Como estou falando de Clarice, não posso deixar de registrar que assisti a um monólogo ("Simplesmente Eu - Clarice Lispector") sobre sua vida, interpretado por Beth Goulart, no ano passado. Belíssimo trabalho! Beth está uma Clarice impecável. Sua interpretação me levou às lágrimas. Beth também participa de "Clarice na Cabeceira".
Ando em busca do documentário "De corpo inteiro - Entrevistas", produzido pela sobrinha-neta de Clarice, Nicole Algranti. O filme é uma adaptação do livro "Entrevistas", recriando as conversas que Clarice teve com diversas celebridades e revelando costumes da época e da personalidade da própria escritora.
De presente de aniversário, me dei a biografia "Clarice,", escrita pelo americano Benjamin Moser, que também participa de "Clarice na Cabeceira". E tão logo termine a leitura que estou realizando no momento ("Doidas e Santas", da também excelente Martha Medeiros), me dedicarei a descobrir ainda mais sobre essa mulher, cuja escrita me encanta, me emociona, me faz rir, me faz chorar e certamente me toca.

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca." - Clarice, sempre Clarice!



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