Quem me conhece, sabe da admiração que eu tenho por Camille Claudel. Não que eu não admire o trabalho de Auguste Rodin, mas, para mim, Claudel é insuperável. Além do talento fenomenal, essa mulher tem uma história muito interessante, embora sofrida, dolorosa. Camille não se curvou às convenções sociais de sua época, lutou por sua arte, se afastou do homem que amou loucamente por achar que merecia mais do que ser apenas sua amante.
Apesar do sentimento de rejeição em relação à sua mãe que desejava ter tido um filho homem para substituir o que recém havia perdido quando Camille nasceu e das expectativas elevadas de seu pai que estimulou a sua arte, ela não hesitou e criou obras belíssimas que nos deixou como legado.
Com Rodin, Camille experimentou um amor intenso, profundo, tórrido. Ambos se admiravam mutuamente e impulsionaram o processo criativo um do outro. Foi uma fase frutífera, apenas não rendeu o filho que ela tanto desejava. Com Rodin, Camille experimentou novamente sentimentos de rejeição: primeiro, porque seu trabalho ficava injustamente à sombra do dele e, depois, porque Rodin jamais deixou a esposa, Rose Beuret.
Por mais que tenha vivido intensamente, diante de todas essas dores, Camille não resistiu e sucumbiu à loucura, terminando a sua vida tristemente internada em um hospício, rejeitada por sua família e por seu amor. Entretanto, no meio de sua dita loucura, aposto que guardava uma sanidade e uma dignidade maiores do que muitas pessoas de sua época.
Como vocês sabem, estou vivendo a Sensacional Lua-de-mel em Paris (maiores informações nos blogs O Casal Sensacional e Casamento Sensacional). Um dos pontos altos, muito esperado por mim, era a visita ao Musée Rodin, pois lá, além das belas obras de Rodin, se encontram muitas das obras da minha adorada Camille Claudel.
Devo confessar que, apesar da minha resistência a Rodin (talvez meramente emocional, por achar que ele não tratou Claudel como ela merecia), ao ver as suas obras pessoalmente, tive que admitir que ele era bom no que fazia. Mas, ainda assim, prefiro Claudel.
O museu funciona na casa onde Rodin viveu seus últimos anos e é muitíssimo bem organizado. Há guias virtuais (auditivos) em várias línguas que facilitam a visita e trazem informações valiosas acerca das obras. O lugar é belíssimo. A construção é majestosa, os jardins são magníficos e as obras de arte completam o esplendor da paisagem.
Após já estar maravilhada por diversas obras importantes de Rodin expostas nos jardins do museu (A Porta do Inferno, O Pensador), iniciamos a visita à parte interna. Passamos por duas salas, dobramos à direita e o mundo parou. Lá estava ela, A Idade Madura, belíssima, ao alcance das minhas mãos e eu paralisei. Não conseguia me mover, não conseguia desviar o olhar dela e senti as lágrimas correrem pelo meu resto. Não é vergonha nenhuma confessar a emoção que me invadiu. Pelo contrário, é uma sensação maravilhosa que eu gostaria que todos tivessem a oportunidade de experimentar. A emoção que aflora quando algo nos toca profundamente. Desse momento em diante, foi deleite puro: A Pequena Castelã, A Valsa, Sakountala, Clotho.
Estão lá também o busto que ela esculpiu de Rodin e o busto de Paul Claudel, seu irmão, com quem ela tinha uma bela e profunda ligação desde pequena e que lhe servia como um bálsamo. Paul também possuía uma veia artística e escreveu diversos poemas.
Há outras tantas obras belas de autoria de Rodin no museu, e importantes, como O Beijo. Notáveis, sem sombra de dúvida. Porém, para mim, o que me tirou o fôlego verdadeiramente foram as obras de Camille.
A Idade Madura |
Dá para perceber a minha felicidade, né? |
Felicidade genuína, parecendo uma criança, com A Pequena Castelã |
Sakountala |
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