Irremediavelmente ele havia pecado. Mãos trêmulas procuravam o maço de cigarros nos bolsos do paletó. Ansioso, confuso, mente perdida em pensamentos. Trôpego, caminhava de um lado a outro, sem se afastar muito da porta que o desafiava. Precisava contar-lhe antes que o tormento fosse maior do que pudesse suportar. Mas como iria confessar? Como encarar aqueles olhos amorosos que sempre o recebiam com alegria? Ensaiou rapidamente mil diálogos, especulou possíveis reações. Mas, de fato, não sabia o que esperar ao cruzar a porta, caso realmente tivesse coragem de lhe falar. Ah! Como pudera? Recair em tão pequena tolice... Tantas e tantas vezes fora advertido. Suas palavras cairiam em total descrédito. Talvez ele jamais se recuperasse. Talvez o melhor fosse calar. Não, não, se já havia fraquejado antes, agora era hora de provar sua virtude. Apagou o cigarro e se encheu de coragem. É como um vício. Ninguém pode ser culpado por amar.
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